Capítulo 5
O acordo
Draco virou-se e
foi até a janela. Ele sentiu os braços da mulher ao redor dele, então virou-se
e a abraçou.
– Ele nunca vai
entender.
– Talvez um dia –
disse ela, afastando-se. – Vou falar com ele.
Astoria saiu e a
porta se fechou com um clique.
Escórpio estava
no quarto, sentado na poltrona, perto da janela, com a cabeça baixa.
– Querido?
– Quero ficar
sozinho, mãe – disse o menino.
– Tudo bem. Mas
quando quiser falar, estou aqui, tá?
Escórpio balançou
a cabeça e a mãe saiu. Ele estava com raiva. Queria quebrar aquele quarto todo.
Por que estava tão enraivecido? Sempre soubera que seu avô e seu pai foram
Comensais da Morte. Eles sempre foram olhados meio de lado por algumas pessoas.
Por isso fora criado dentro da Mansão, protegido pela mãe o máximo que pudera.
Mas seus amigos
sempre tiveram um certo orgulho de seus avós terem feito parte do círculo íntimo
de Voldemort, como Vicente Goyle, cujo avô também era ex-Comensal e ainda estava em Askaban. Marcel Pucey
até disse, certa vez, que gostaria de ter sido um, como seu avô materno,
Parkinson. Coisa que Escórpio achou um absurdo. A verdade era que os Malfoy
sempre tiveram sangue nas mãos. Escórpio sentiu nojo de si mesmo.
Ele levantou-se,
pegou pergaminho e pena. Pensou em escrever para Rosa, mas como diria essas
coisas a ela? Talvez até ela já soubesse, sendo seus pais e tio quem eram.
Talvez ele devesse escrever a Ted e Andrômeda e pedir desculpas. Mas ela nem
desculparia, depois de tantos anos, de tantas perdas... O menino rasgou o
pergaminho e jogou o tinteiro na parede, que se partiu.
Astoria voltou ao
quarto, um tempo depois, e encontrou o filho aninhado perto da cama, chorando.
Ela correu para ele e o abraçou.
– Não é culpa
sua, bebê – Astoria passou a mão nos cabelos dele. Mas ela o deixou chorar até
virar soluço. – Olha pra mim.
Os dois
encararam-se nos olhos.
– Nada do que
aconteceu na família da sua avó ou na Guerra tem a ver com você. As pessoas
erram e têm que conviver com seus erros. Você não deve carregar o peso dos
erros de ninguém, me escutou?
Escórpio balançou
a cabeça. Ele passou as mãos no rosto.
– Arrume suas
coisas no malão, para voltar a Hogwarts. Vai ter um novo ano, aprender coisas
novas, fazer novos amigos. Não fique pensando em problemas de adultos – Astoria
sorriu. Ela acenou com a varinha; o pergaminho e o tinteiro se refizeram. Outro
aceno e a tinta foi sugada do chão. – E olha – ela pegou o rosto do filho e
passou a mão nas bochechas dele. – Se quiser falar com seu primo, pode tentar.
Se ele não quiser responder, fazer o quê. Seu pai não precisa saber – ela cochichou.
Rosa despediu-se
dos pais, na Plataforma Nove e meia, no dia primeiro de Setembro.
– Cuide-se, viu,
querida – disse Hermione, abraçando-a. – E não esqueça de escrever.
– Claro que não,
mãe – falou Rosa. – Tchau, Hugo – ela abraçou o irmão.
– Não vejo a hora
de chegar logo ano que vem – falou o menino, ansioso.
Rony abraçou a
filha e ajudou-a a colocar o malão no trem. Ao mesmo tempo, ele viu Escórpio se
aproximar com a mãe. Ele e Rosa se cumprimentaram e subiram. Rony afastou-se
para perto dos Potter. Quando Gina largou Tiago, ele chamou o menino.
– Tiago, faz um
favor pro seu tio-padrinho? – perguntou Rony, baixinho, para Gina não ouvir.
– Claro, tio –
disse Tiago.
– Fica de olho na
Rosa pra mim. Não deixa ela ficar de conversinha com o Malfoy.
– Tá – disse
Tiago –, mas tem uma condição – acrescentou, lembrando de uma coisa.
– Condição?
– Sabe como é, né?
– falou o garoto, como quem não quer nada. – Você precisa de algo e eu preciso
de algo.
– É dinheiro que
você quer? – Rony riu, contrafeito.
– Não. É que eu
gosto de uma garota. E ela ficou interessada em um colar da loja de Madame
Malkin, mas a Vick trabalha lá e eu não quero que ela conte a todo mundo que eu
comprei.
– Quer que eu compre o colar? –
perguntou Rony.
– É. E me mande antes do Natal.
– Feito – disse Rony e apertou a mão
do sobrinho.
– Rony! – chamou Gina. – Vai deixar
Tiago embarcar?
Tiago correu para o trem antes que
as portas se fechassem. Ele debruçou na janela e acenou para os pais e os tios
na plataforma,
– O que estava falando com Tiago? –
perguntou Hermione ao marido, desconfiada.
– Só dando uns conselhos. Vamos.

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